Há quase um ano Salvador, passou a contar uma iniciativa pioneira para ampliação dos atendimentos na rede municipal de saúde e qualificação de médicos recém-formados. Trata-se do Programa Integrado de Residências em Saúde (PIRS), que atualmente conta com 83 profissionais residentes atuando em unidades básicas, de pronto-atendimento e emergência hospitalar.

No dia a dia o PIRS tem sido uma via de mão dupla, contribuindo não apenas para a especialização de médicos na capital baiana, mas também assegurando a permanência destes profissionais na rede municipal.

O médico Matheus Oliveira, 31 anos, que nunca havia atuado no sistema público de saúde, conta o quanto a experiência de fazer residência na Unidade de Saúde da Família (USF) Ilha Amarela, no Subúrbio Ferroviário, tem sido enriquecedora.

“Participar de um programa de residência como esse me traz um olhar mais amplo em relação aos cuidados com os pacientes, de gestão de unidade e entendimento de como funciona a rede pública saúde em questões macro. Graças à iniciativa, me sinto mais capacitado para atuar na atenção primária”, revela.

Legislação - Instituído por meio de lei municipal e aprovado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) do Ministério da Educação (MEC), o PIRS na verdade engloba dois programas. Um é o de Residência em Medicina de Emergência, que visa formar especialistas em medicina de emergência e capacitar profissionais para reconhecer, iniciar prontamente o tratamento e monitorar pacientes em situações de urgência e emergência. O prazo para concluir essa especialização é de três anos.

O outro programa é o de Residência em Medicina de Família e Comunidade, cujo objetivo é formar especialistas para atuar na atenção primária. O tempo dessa pós-graduação é de dois anos.

O PIRS oferta bolsas de R$ 3.330 (Medicina de Emergência), pagas pelo Ministério da Educação, e R$ 6 mil (Medicina de Família e Comunidade), custeadas pelos cofres municipais. O ingresso dos médicos nos programas ocorre anualmente por processo seletivo unificado, coordenado pela Comissão Estadual de Residência Médica (Cerem-BA).

Permanência - De acordo com a coordenadora do programa de Residência de Medicina de Família e Comunidade da SMS, Luamorena Leoni, a oferta de vagas de residência médica tem contribuído para aumentar o contingente de profissionais na rede pública municipal.

“Há uma grande dificuldade de encontrar médicos que queiram chegar na atenção primária para ficar. Muitos chegam como passagem, sem criar raízes. A ideia é formar os profissionais para que eles fiquem, o que consequentemente traz mais qualidade dos serviços prestados para a população”, explica.

No programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade há 77 vagas ocupadas, entre próprias e conveniadas. São instituições de ensino superior parceiras da iniciativa: Ufba, Escola Bahiana de Medicina, UniFTC, Fundação Estatal Saúde da Família e Escola de Saúde Pública da Bahia.

HMS – Inaugurado em 2018, o Hospital Municipal de Salvador (HMS), em Boca da Mata, está credenciado para receber médicos residentes do programa em Medicina de Emergência, sendo o primeiro da Bahia a possuir uma iniciativa de qualificação profissional desse tipo.

A especialização oferta seis vagas por ano. “Aqui no Hospital Municipal, o programa me traz tudo o que a gente precisa de equipamento físico. Há três preceptores especializados em Medicina de Emergência e estou sempre sendo acompanhado de forma integral e bem assessorado”, revela o médico Jean Rios, 32.